quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

bobo alegre.

podem me chamar de otário, por que eu sou, mas fiquei tocado com a honestidade do cabo na audiência do DETRAN. por um lado, ele podia ter me matado no primeiro dia do ano, no auge da minha satisfação com o viver (haehaehae, que pesada essa frase pra alguém que já resmungou tanto). por outro ele assumiu perante o procurador que tinha batido por falta de atenção. o perito marcou que eu estava sonolento no misterioso laudo, enfim, foi uma raridade, uma composição JUSTA da lide. meu pai, que é tão otário quanto eu, foi claro. "só cobro do estado. se o estado for regressar contra o senhor.. não cobro." eu não contestei. o "se" não existe.. a verdade é que eu não morri, graças a mim mesmo.. e por que não a "deus", o que quer que ele for.. algo mais que eu, a minha prudência ou o amor que algumas pessoinhas tem por mim. e o bigodudo cabo, cujo nome nem lembro, assumiu seu erro e assumiu o que todos sabemos, que não podia pagar. sei lá se ele tinha família, mas o salário miserável que esses caras ganham pra arriscar o pescoço não compensa dizer a verdade. o cabo podia ter se ferrado, passado uma década de apreensão com a justiça. mas não, ainda bem que eu e o meu pai, com o apoio do advogado que nos acompanhou, fomos unânimes em premiar a honestidade, tão rara na polícia, tão rara na miséria, tão rara em ALAGOAS, tão rara no mundo!

meu brother samir, que trabalha lá no 12º juizado especial, que serve pra conciliar essas coisas, acompanhou os bastidores do meu caso e depois foi constrangido numa audiência que me impressionou. ele relatou depois a mim que foi a pior da sua vida. nela, um homem e uma mulher, bem apessoados, cobravam ávidamente uma pobre velha. digo pobre por que o filho morreu justo no acidente e o único motivo dela estar ali era por que o carro estava em seu nome. como o filho entrou na contra-mão, ela que deve ao pessoal. samir falou que ela tremia e tomava remédios aleatoriamente, tirados da bolsa, enquanto chorava sem parar.

dá pra acreditar? tudo podia ser tão fácil...

momentos flashbacks:

leonardo: você tá parecendo aquele quadro do picasso, tá ligado?
eu: qual?
leonardo: aquele que o cara é deformado.

ocasião - festa de formatura do tatá.

meu pai: no sertão tem bode que sobe até em árvore!

ocasião - volta do aeroporto com o enzo e murilo.

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